domingo, 29 de novembro de 2009

Autonomia

Venho pensando muito sobre o conceito de AUTONOMIA. Talvez por ter escutado recentemente de uma amiga que iria mudar de trabalho por que no local em que estava, não tinha autonomia... Talvez também porque venha eu mesma buscando intensamente esse estado...
Fiquei pensando o que exatamente entendemos por autonomia, para começar, vejamos o que diz o dicionário:

autonomia
au.to.no.mi.a
sf (gr autonomía) 1 Qualidade ou estado de autônomo. 2 Sociol e Polít Autodeterminação político-administrativa de que podem gozar, relativamente, grupos (partidos, sindicatos, corporações, cooperativas etc.), em relação ao país ou comunidade política dos quais fazem parte. 3 Liberdade moral ou intelectual. 4 Biol Independência funcional de partes do organismo ou do organismo inteiro.

Percebo que a maioria de nós temos pensado na autonomia como um estado que depende do outro (ou dos outros), do chefe, do marido, das amigas, da mãe, do pai, dos sócios, da sociedade... o que por um lado é muito mais cômodo, responsabilizar alguém por uma questão que tem pontos tão pessoais e individuais como essa. Na verdade, a qualidade ou estado de autônomo depende muitas vezes apenas da nossa vontade. E isso normalmente não é nada fácil...

Tá certo, sei que vão me perguntar, mas e os escravos, os oprimidos, os perseguidos, os miseráveis? Se observarmos bem, apesar de uma parte da humanidade insitir em querer escravisar, oprimir, perseguir, roubar, estorquir... também temos exemplos maravilhosos de reações, revoluções, gritos de liberdade que nos mostram que é possível mudar.

Entrando em questões mais individuais, percebo que normalmente o opressor, o senhor de engenho está em nós mesmos. Somos nós que, muitíssimas vezes, nos limitamos e nos aprisinamos. Sair de um trabalho em busca de autonomia já é um passo, mas não exatamente o mais acertado, porque se esse "ser autônomo" não estiver claro que deve partir de dentro de si mesmo o chefe seguinte será tão opressor quanto o primeiro.

Os pais tem um papel fundamental no estímulo à autonomia dos filhos. Pais opressores, normalmente geram filhos oprimidos e assustados. Pais superprotetores geram filhos fracos e indecisos. Os filhos estão e são do mundo, portanto, devem saber se relacionar com esse mundo de maneira mais segura, encorajada e tranquila possível.

Repetimos tantos padrões, nos envolvemos com pessoas tão parecidas sem perceber, sem observar como tem os mesmos defeitos, como nos magoam de maneira tão parecida e sempre exatamente nos nossos pontos mais fracos. Um amigo se relacionou durante anos com mulheres com as mesmas características emocionais: egoístas, controladoras, egocêntricas. Cada uma demostrava isso de maneiras bem distintas, uma era mais clara, outra mais discreta, outra mais suave, mas todas tinham semelhanças impressionantes. Quando ele vem me dizer que está chocado por nunca ter percebido tais caractersticas nas namoradas, eu sempre respondo: elas sempre foram assim, você que não quis ver... Fazemos isso em muitas áreas da vida, relaciosamentos amorosos, amigos, trabalho, família... mas antes de culpar tanto o outro pela sua desgraça, sugiro (tenho sugerido o mesmo pra mim a anos) que antes de xingar o fulano, comecemos a ver o fulano que está dentro de nós e xingá-lo também, sempre que fizer por merecer, para que ele ou se modifique, ou nos desabite.

Ultimamente, tenho buscado perseguir e expulsar os meus opressores internos e quando conseguir expulsá-los todos, nada mais de senhores de engenho, senzalas, ferros, castigos e medos, apenas um estado sereno e tranquilo de total autonomia. Porque o meu nariz é somente meu!